ENTREVISTAMOS A LARISSA FERNANDES
- 26/04/2016 |
- Vivielly Barrack |
- Fashion Dialogues, Inverno 2016, Lafê, Lançamentos, Minas Trend Preview, Moda BH, Verão 2017
Ainda sobre o Minas Trend, entrevistamos a Larissa Fernandes da Lafê.
(FD) Me conta um pouquinho como é o dia a dia de uma estilista?
(Larissa Lafe) De uma estilista normal ou da minha pessoa? (risos)
(FD) Da sua pessoa. (risos)
(Larissa Lafe) Bom, eu não cuido só do estilo na Lafe, né?! Eu administro a empresa, porque eu não tenho sócio e cuido de outras coisas. Mas, eu tento tirar uma parte do meu dia, ou manhã ou tarde, para cuidar só dessa parte do desenvolvimento da coleção, que começa pelo desenvolvimento de estampa, então começa pela pesquisa, são uns dois meses de pesquisa. Assim que vira uma coleção, que eu saio do Minas Trend, eu já defino o tema do Inverno 2017 e já começo uma pesquisa e fico dois meses fazendo essa pesquisa para o desenvolvimento das estampas. Eu defino quantas estampas vão entrar, às vezes só aumenta ou pouco ou diminui. Porque às vezes a gente se apaixona por algum lugar, ai fala: – Ah! Tinha que entrar isso também. Porque eu vou fazendo por lugar ou então por alguma referencia. Um pedacinho da arquitetura ou um artista que eu acho legal e etc. Então eu faço a média das estampas e vou trabalhando a partir das estampas. À medida que eu vou definindo e aprovando a gente começa a fazer isso três meses antes da coleção ficar pronta e termina uma semana antes. Teve estampa que uma semana antes a gente fez… Acho que nem uma semana, cinco dias de vir para o Minas Trend.
Porque depende também da designer. Eu dou o “brifieng” para ela, eu defino como é que vai ser e ela desenha para mim. Eu não desenho a estampa. São três designers diferentes. Eu tenho três fornecedores. A medida que eu vou aprovando, a gente vai fazendo os testes eu vou criando os modelos. Eu não consigo ao contrário, eu não crio o modelo antes. Eu vejo como é que é a estampa, e penso: “isso aqui combina com essa ou essa modelagem”. Minhas famílias são grandes. Eu trabalho de oito a dez modelos por família de estampa. Então, sempre tem oito ou dez modelos d ecada. Tem bastante opção. Em uma estampa eu tento oferecer para todas as mulheres. Para mulher magrinha, para uma mulher com o corpo um pouco mais normal e para a mulher mais gordinha. A gente tem um mais soltinho, mais justinho, etc. É assim que funciona.
Nosso dia a dia é esse. E a partir do momento que eu defino uma estampa, eu começo a desenhar, mas ai eu estou definindo outra ao mesmo tempo. Vai acontecendo as duas coisas ao mesmo tempo, depois da pesquisa. Depois que eu acabo a pesquisa de estampa, começa a pesquisa de modelagem e vou fazendo ao mesmo tempo. Aprova estampa, desenha, e vai assim. E as provas de roupa. Eu tenho duas pilotistas, uma modelo de prova interna e a gente vai aprovando e fazendo as provas de roupa.
Hoje minha coleção tem 130 modelos, mas com variação isso vai para 280 peças mais ou menos diferentes.
(FD) Você consegue acompanhar de perto o processo de produção também?
(Larissa Lafe) A produção eu tenho uma equipe. Tenho a minha gerente. Mas sou eu que acompanho, eu que defino todas as grades. Eu faço tudo.
(FD) E ai quando termina uma coleção, você já está trabalhando em cima da outra, né?
(Larissa Lafe) Na verdade, emenda. Eu ainda estou cortando alguma coisa do inverno 2016, no caso. E a gente já está fazendo, já vai começar a cortar semana que vem o verão 2017. Então meio que emenda assim, uma coisa ou outra vai ficando para trás. A gente tenta que não. Mas sempre tem umas duas semanas ali que a coisa emenda. A gente tem que adiantar um e o outro não acabou. Mas tem os meses, como agora, por exemplo, a minha produção ela é mais lenta e depois em maio ela fica mais robusta. Ela fica mais corrida. Para poder pegar os pedidos de maio e junho e fica mais corrido para entregar os pedidos em julho. É assim que funciona.
(FD) Qual a importância da moda mineira no cenário nacional e no cenário internacional?
(Larissa Lafe) Eu acredito que hoje Minas é muito importante. A gente tem um polo aqui de pronta entrega, mas tem um pólo grande de marca de festa e marca de pedido, que foi quem fortaleceu Minas nacionalmente bem assim, principalmente a festa. Tem essa coisa do cuidado, do detalhe. Mesmo a minha roupa que é casual, ela tem muito detalhe. E tem um prensadinho aqui; uma coisinha que amarra, tem sempre uma coisinha; um entremeio, alguma coisa diferente. Uma alça diferente; tem um aviamento ali que agrega além da estamparia. Que é uma coisa muito mineira. Eu acho que esse é o diferencial de Minas. É ter essa coisa do manual mesmo.
E Internacionalmente eu acredito que é pelo mesmo motivo. A gente teve visita aqui de gente de Paris, Austrália. A gente teve mais. E a gente vende hoje nos Estados Unidos e no Paraguai. E tem muito interesse pela moda daqui. Existe realmente um interesse. Eu acho que talvez o acesso não seja tão fácil ainda, mas tem um interesse grande já. Porque é diferente mesmo.
(FD) É diferente. Tem um bom custo beneficio, diante da qualidade que tem. É uma moda que é feita com muito capricho. A gente percebe. A gente vê a diferença. A gente sabe que é mineira pelo capricho. Tem muita qualidade.
(FD) É difícil fazer moda no Brasil?
(Larissa Lafe) É muito difícil. É difícil ter empresa no Brasil, qualquer empresa, de qualquer ramo, de qualquer setor. Porque a gente tem impostos muito altos, o empreendedor ele sofre muito com imposto, com burocracia… Tem muita dificuldade neste sentido. E a moda especificamente, é mais difícil ainda porque a mão de obra hoje é super complicada de encontrar. Qualificada, né?! Hoje as meninas não querem ser costureiras mais. É difícil você encontrar uma mulher jovem e costureira.
Realmente a gente tem escassez de mão de obra, de bons fornecedores, de aviamentos com bom preço.
Tem vários gargalos. E tem a questão do time .O time produtivo; é como você falou, é o detalhe, é manual, é qualidade. Para você manter qualidade e manual e fazer tudo correndo, sabe?! Você faz uma feira e daqui a dois meses você tem que estar entregando uma roupa linda para o cliente, perfeita e sem nenhum defeito. É difícil, não é simples. E o time está a cada dia mais corrido. Uma coleção vai engolindo a outra, né?! A gente não está tendo tempo de respirar, então é difícil manter uma produção no Brasil sem dúvida.
(FD) Aonde você busca inspiração? A gente já conversou um pouquinho sobre isso. Você falou que basicamente nas suas viagens, né?!
(Larissa Lafe) Claro que às vezes, eu estou passeando em algum lugar e eu vejo uma coisa que me inspira, que eu falo: “Nossa, isso aqui pode virar uma história” ou “então isso é de tal lugar”. Eu vou falar de tal lugar, entendeu?! Às vezes uma coisinha, um livro ou qualquer coisa do tipo, me faz ter vontade de fazer uma coleção do lugar.
(FD) Já teve alguma de uma região ou cidade do Brasil especificamente?
(Larissa Lafe) Já. A gente já fez Nordeste e Rio. Do Brasil foram essas duas, mas dá para fazer mais coisa. Meus funcionários brincam que eu vou fazer Minas e que vai ter até estampa de pão de queijo.
(FD) Qual é a melhor e a pior parte de trabalhar com moda?
(Larissa Lafe) A melhor é ver a coleção pronta. Eu não sou muito do glamour da moda. Assim, não sou nem um pouco na verdade. Então eu gosto é de ver o trabalho realizado, entendeu?! E falar: Ah! As pessoas gostaram! Isso para mim é o mais gratificante. Agora o pior é a produção, as dificuldades do dia a dia, as peças cortadas erradas, as peças que chegam costuradas erradas. As perdas altas, o atraso do fornecedor de tecido que não te entrega na data. É o pior. Administrar o problema de produção é sem dúvida o pior.
(FD) Tem alguma mulher que te inspire?
(Larissa Lafe) Nossa! Sabe que não?! (Risos) Não tem, uma não.. Tipo celebridade, essas coisas?! (risos) Não, não, não tenho não. Assim, tem algumas personalidades que eu gosto e tal, mas não é nem de estilo. Eu não tenho nenhuma grande inspiração de estilo não.
(FD) Existe gafe, quando a gente fala de moda?
(Larissa Lafe) Eu acredito que não. Eu acho que um dia tênis branco… Quem diria que tênis branco ia estar uma coisa tão em alta agora, né?! Eu particularmente não uso, mas porque não uso tênis, não tem muito haver com o meu estilo. É lindo né?! Sabendo montar, tudo fica lindo. E eu estou com essa tiara aqui. Quantas pessoas conseguem usar tiara? Poucas. Não é todo mundo. Chapéu? A gente não pode falar que uma coisa é uma gafe porque as coisas mudam. Talvez um balonè. Mas um balonè, dependendo da pessoa (risos)
(FD) A gente estava falando disso agora ainda pouco.
(Larissa Lafe) Acho que até um balonè bem usado fica bonita. Uma mulher bem magra e esguia. Então eu acho que não tem gafe.
(FD) Tem alguma peça de roupa que seja indispensável ao guarda roupa feminino na sua opinião?
(Larissa Lafe) Nossa, eu não sou mulher dos básicos. Mas eu acho que uma peça indispensável é o colete. Eu gosto muito de terceira peça. Então eu acho que um bom colete é uma peça indispensável.
(FD) Qual foi a última peça que você comprou para você?
(Larissa Lafe) Eu só compro sapato e biju.
(FD) Porque será né?! (Risos)
(Larissa Lafe) Eu não compro roupa, então…
(FD) Você só se veste da sua marca?
(Larissa Lafe) Só me visto da minha marca. Assim, muito raramente eu compro alguma coisa. Se eu tiver viajando ai eu compro. Mas em geral eu só me visto da Lafe. Porque assim, o que a Lafe não fazia, hoje faz. Um jeans, um tricot. Uma coisa de couro, a gente também faz. Um couro fake, então não tem nada que eu precise comprar realmente. Posso comprar por luxo, mas não porque eu acho que falte na marca. Agora, sapato é minha grande perdição. O último que eu comprei eu não lembro não, porque eu compro uns três por mês. (risos) Eu compro muito sapato.
(FD) Para fechar, na sua opnião o Minas Trend é….?
(Larissa Lafe) O Minas Trend é a melhor feira de moda no país. Comercialmente falando. Acho que é isso que resume. É aonde a gente tem a maior vitrine. Por sorte a gente está em BH e está fácil ainda para quem está aqui. E eu estar aqui é ótimo. Estar na minha cidade mostrando o meu produto em uma feira local. É a feira que vem gente de todos os lugares. Acho que é a única que vem. Em São Paulo a gente tem feiras menores e tal, mas acho que Minas é a mais importante sem dúvida.
(FD) Bom, era isso. Obrigada!

Vivielly Barrack
Consultora e corretora de moda, especialista em direção criativa de moda, consultora de imagem, certificada pela École Supérieure de Paris e com experiência há mais de 15 anos no varejo. Responsável por receber e direcionar lojistas que desejam fazer compras no Pólo de Moda de Belo Horizonte e São Paulo.
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